Negritude no horário nobre da tv

Ser protagonista da novela Vai na Fé, transmitida no horário nobre da maior emissora de televisão do País tirou do anonimato o talentoso ator sergipano Samuel de Assis.

Participar de um momento histórico, fazendo parte de um elenco 70% preto e que não era de escravos, onde foram tratados temas sensíveis e atuais da sociedade, como racismo, preconceitos e questões religiosas, não subiu à cabeça do agora conhecido “Brigadeirão”, apelido do seu protagonista Benjamin que não sai da cabeça dos fãs.

Para ele, é uma revolução no Brasil isso acontecer. Ainda mais pelo seu personagem ter um curso superior, ser advogado e um cara muito do bem. Que praticava uma religião africana e era apaixonado por uma moça evangélica.

O ex-jogador de basquete, que virou ator aos 12 anos, confessou que, como é o único negro, entre cinco filhos e ter estudado em colégio de brancos, demorou muito para se reconhecer como homem preto. Segundo ele, viveu em uma bolha e demorou a reconhecer que era racismo algumas situações pelas quais passou.

Carismático e dono de um humor contagiante, Samuel virou unanimidade no quesito simpatia e bom humor entre os seus colegas de cena, viralizando várias dancinhas nas redes sociais. Pudera! Dançar está entre as coisas que Samuel mais ama fazer na vida.

E acreditam que até então ele não se achava bonito?! “A gente é criado dessa forma: não é bonito nem feio, é preto. Ponto. Isso é violento demais! Então eu nunca tinha percebido que poderia virar galã e chegar até aqui”.

Samuel estrelou sua primeira peça, aos 12 anos e estreou na televisão em Ciranda de Pedra (2008). De lá para cá, fez peças e personagens pequenos, até conquistar um papel de destaque: o segurança gay Kevin de Rensga Hits, série do Globoplay e depois o Benjamin.

Suas pérolas negras são Djavan e Luiz Melodia e entre as alegrias da sua vida é ver cada vez mais pretos em todas as profissões, bem-sucedidos, gente boa, não marginalizadas.

Ele também merece ser um dos homenageados com o troféu Raça Nega 2023. Voa cada vez mais alto, Samuel! E agora com uma estatueta por sua representatividade nas mãos