Uma batalhadora incansável contra o racismo

Atriz, escritora, cantora e poeta Elisa Lucinda é reconhecida por seus trabalhos na televisão, cinema, música, teatro, poesias e sua contínua luta contra o racismo, a descriminação e a desigualdade social. Em 2020, foi reconhecida com o Prêmio Especial do Júri do Festival de Cinema de Gramado pelo conjunto de obra.

É vencedora de um Kikito do Festival de Gramado por Por que Você Não Chora?, foi laureada no cinema pelo filme A Última Estação, de Marcio Curi, no qual protagoniza o personagem Cissa e já ganhou um Troféu Raça Negra, na categoria Teatro.

E por sempre representar com dignidade e maestria a luta por melhoria das condições de vida dos negros e por sua atuação na novela “Vai na Fé” será novamente homenageada, pela segunda vez, no Troféu Raça Negra 2023!

Como atriz trabalhou em algumas peças teatrais, como Rosa, um Musical Brasileiro, Bicho Solto no Mundo e no filme A Causa Secreta. Fez inúmeras novelas, a primeira Kananga no Japão na extinta TV Manchete, depois Sangue do meu Sangue no SBT até chegar a TV Globo. Estreou no programa Você Decide, integrou a série Mulher. Nas novelas, destaque para a atuação em Mulheres Apaixonadas, Insensato Coração, Lado a Lado e a mais recente Vai na Fé.

Pela poesia interessou-se desde cedo. Filha de um professor de português e latim, aos dez anos, frequentou aulas de declamação, ou melhor, interpretação teatral de poesia. Criou a Escola Lucinda de Poesia Viva e a Casa-Poema, instituição socioeducativa que capacita vários profissionais a desenvolver sua capacidade de expressão e sua formação cidadã, através da poesia falada.

Em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), tem desenvolvido o projeto “Palavra de Polícia, Outras Armas”, onde ensina poesia falada aos policiais, procurando alinhá-los aos princípios dos direitos humanos e transformar antigos modos operacionais em relação ao gênero e à raça.

Ainda dá aulas de poesia para população transgênera e jovens em conflito com a lei. É autora de 14 livros, entre eles “Fernando Pessoa, o Cavaleiro do Nada”, uma biografia não autorizada. É considerada a artista da sua geração que mais populariza poesia, por isso, não é à toa que figura entre os poetas brasileiros mais relevantes do século XXI.

Em recente entrevista, alertou que sofre racismo em todas as áreas e com a invisibilidade como escritora por parte das academias. “O racismo no Brasil é o mais letal. Mata jovens, mata de desgosto e produz muito ódio”.

Ensaio é o trecho de uma de suas poesias que traduz bem o espírito lutador e inquieto dessa guerreira: “Nesse dia vou querer a vida com pressa. Menos intervalo entre uma frase e outra,

menos respiração entre um fato e outro, menos intervalos entre um impulso e outro, menos lacunas entre a ação e sua causa. E se Deus não entender, rezarei: Menos pausa, meu Deus. Menos pausa”.